terça-feira, 5 de junho de 2012

Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil


Alguns jornalistas, de forma até bem intencionada, fazem a seguinte pergunta: é preferível gastar 5 bilhões de reais na Copa do Mundo ou na construção de escolas? Evidentemente, se uma alternativa anulasse a outra, a escolha seria pela segunda opção. Ocorre que este é um questionamento simplista, uma visão limitada das coisas, que não vislumbra os efeitos dinâmicos, em termos sociais e econômico, que a realização de uma Copa do Mundo pode trazer.
Poderia se comparar, por exemplo, o gasto de 5 bilhões previsto para a construção dos estádios com o montante que se paga anualmente com juros e encargos da dívida pública: algo em torno de 180 bilhões de reais! Ou a proporção que estes 5 bilhões representam no PIB do Brasil, que foi de 3,6 trilhões de reais em 2010. Colocando o investimento para construção das arenas nessa perspectiva mais ampla, porque não utilizar esses recursos numa dezena de estádios, que serão ocupados todo o fim de semana por milhares de pessoas?
Bom, aí temos um problema. Sou favorável à realização da Copa, mas é um equívoco construir estádios nas cidades onde não há demanda, onde o futebol é praticamente amador. Em Manaus, Cuibá, Brasília e, em menor medida, Natal, vamos ter os chamados “elefantes brancos”. Nesses casos faz sentido falar em desperdício, pois não se inventa artificialmente um clube ou uma torcida a partir da simples existência do estádio.
Agora, em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife e Fortaleza, o futebol já atrai multidões semanalmente, com clubes de tradição e torcidas apaixonadas. Porque não investir 0,15% do PIB em estádios modernos e confortáveis? Os mesmos jornalistas que fazem a pergunta simplória do início do texto, reclamam há anos da má qualidade dos nossos estádios. A realização da Copa do Mundo é uma ótima oportunidade para fazer este investimento, melhorando também a infra-estrutura urbana e o sistema de transporte das principais cidades do país.
É claro que todo esse processo tem que ser monitorado pelos órgãos de fiscalização – como o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público e o Congresso – além da sociedade civil organizada e da própria mídia. Os ganhos com os estádios novos e as melhorias de infra-estrutura serão somados aos milhares de empregos diretos e indiretos que a Copa vai gerar, trazendo também ao país turistas e empresas interessadas em investir.
Entretanto, é óbvio que nem tudo são flores. Além dos “elefantes brancos”, outra questão que preocupa é o pessoal que toma conta do nosso futebol na CBF. É preciso ficar em cima, como fez o jornal “Lance” no início do ano, revelando irregulares num contrato sobre os lucros da Copa, provocando sua alteração. Felizmente, temos gente séria na imprensa, nos órgãos de fiscalização e nas instâncias de participação e controle social.
Por tudo isso, e mesmo com as ressalvas colocadas, acho que será uma boa a Copa no Brasil em 2014. Vou deixar para falar das Olimpíadas numa outra ocasião. Só adianto um ponto de vista que, creio eu, vai no sentido contrário do senso comum: dois eventos assim tão próximos me parece um exagero, acaba um tirando o foco do outro.
Deveríamos estar concentrados exclusivamente na organização da Copa do Mundo, que tem mais haver com nossa cultura esportiva centrada no futebol. Poderíamos continuar investindo no esporte olímpico, melhorar nosso desempenho e daqui há 12, 16 anos, quem sabe, se candidatar a fazer os jogos olímpicos.
Bom, mas como torcedor é óbvio que vou curtir muito ter tudo isso no Brasil nos próximos anos....sempre atento para que as coisas aconteçam corretamente!
Domingos Sávio 

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